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Você já se perguntou o que é ser Geógrafo?

  • Foto do escritor: Oliveira
    Oliveira
  • 27 de dez. de 2020
  • 6 min de leitura

Atualizado: 6 de jul. de 2021

Com certeza você estudante ou formado, seja licenciado ou bacharel, já deve ter se perguntado: o que irei fazer quando me formar? Sou Geógrafo ou professor? Existe vaga no mercado de trabalho? O que sou e para onde irei?


Com certeza você estudante ou formado, seja licenciado ou bacharel, já deve ter se perguntado: o que irei fazer quando me formar? Sou Geógrafo ou professor? Existe vaga no mercado de trabalho? O que sou e para onde irei?

Essas dúvidas são tratados em nosso primeiro artigo de autoria de um profissional da área.


Entre o ser e o não ser Geógrafo

Se você cursa geografia já deve ter se deparado com algumas duvidas: o que faz um Geógrafo, o profissional que forma em geografia é Geógrafo e qual o mercado de trabalho para esse profissional?

Primeiramente, cabe salientar que o profissional Geógrafo é aquele habilitado em curso de geografia bacharelado com registro no órgão competente que no caso deste é o CREA, conforme preceitua a Lei 6.664/1979. Esse profissional opta por realizar trabalhos mais técnicos, a serviços do mercado, podendo atuar na iniciativa privada ou em órgãos públicos. Já os licenciados são aqueles disciplinados pelo parecer 292/62, 412/62 e mais recentemente o parecer CNE/CES 492/2001 que optaram pela docência em âmbito colegial: ensino fundamental e médio, cursinho pré-vestibular, ou acadêmico: mestrado e doutorado.

Assim, para o CREA, o título de Geógrafo é conferido ao profissional com curso de bacharelado enquanto que o licenciado é professor. Por outro lado a Associação dos Geógrafos Brasileiros (AGB) concebe como Geógrafo o licenciado o bacharel e os estudantes da ciência geográfica que congregam a associação.

As vezes somos confundidos até com geólogos quando dizem que estudamos as pedrinhas...rsrs, entre outros casos.

O privilégio de ser Geógrafo nos garante uma grande transitoriedade por várias áreas do conhecimento em detrimento de nossa formação interdisciplinar. Apesar de que para muitos, isso constitui um problema, como assevera Lacoste, na crítica a geografia, que o “Geógrafo frequentemente é um economista fraco e um geólogo medíocre”. As vezes somos confundidos até com geólogos quando dizem que estudamos as pedrinhas...rsrs, entre outros casos. Somos censurados quando dizemos que somos Geógrafos ou cursamos geografia.


É inevitável perguntarem se queremos ser professor num tom de que não há escolhas a serem feitas ou de mediocridade na nossa escolha. Essas são algumas visões reducionistas das potencialidades desse profissional que frequentemente ouvimos por ai, possivelmente você que está lendo esse texto já tenha passado por isso.

Agora a perguntar que não quer calar: será que de fato somos profissionais medíocres, sem identidade, sem direção e sem espaço no mercado, rodando em círculos em meio a tanta redundância da ciência geográfica ou somos apenas mal interpretados, julgados como mal profissionais, será que nos julgam por conhecerem nosso trabalho ou por desconhecerem?

Estará à Geografia vindo do nada e indo para lugar nenhum? E nesse mar de incertezas como fica a situação do Geógrafo? Como regular a bússola profissional e acadêmica?

A natureza dessas dúvidas nos conduz a uma auto reflexão. Compelindo-nos aos seguintes questionamentos: o que é ser Geógrafo, o que faz, onde atuamos, sabemos realmente quem somos e, sobretudo, será que a sociedade e o mercado de trabalho entende e ou conhece o papel de atuação do Geógrafo?


Como vimos, frequentemente somos mal interpretados e questionados por nossas verdadeiras aptidões e competências. Uma das grandes dificuldades em situar-se no mercado está em comprovar a competência que temos em realizar trabalhos que outros profissionais, engenheiros agrônomos, arquitetos e urbanistas, engenheiro agrimensor, ambiental e civil dentre outros que vem realizando nas áreas de intersecção dessas profissões.

Dentro dessa temática o Geógrafo pode atuar em estudos e diagnósticos socioeconômicos, ambientais, formulação e execução de políticas de gestão do território: ordenamento territorial: planejamento urbano, rural, regional e ambiental e dentro da geomática encontram-se a cartografia, geoprocessamento, sensoriamento remoto e a própria topografia dentre outros. E mais recentemente na área de geomarketing, pesquisa de mercado e perícias ambientais tem abarcado vários profissionais desse segmento, ás demandas variam conforme o estado como no caso da Bahia que tem empregado muitos Geógrafos nas áreas de energia, petróleo, gás, educação, segurança pública e saúde. Assim, a consagração e o respectivo respeito profissional virão a partir do momento que mais profissionais atuarem nessas áreas, isso dará maior credibilidade e notoriedade aos Geógrafos, porque em muito dessas áreas temos visto outros profissionais não Geógrafos.

Ficou claro que nós Geógrafos possuímos muitas atribuições e uma legislação um tanto quanto vaga, o que dá margem para que possamos fazer vários trabalhos dentro da nossa competência e aptidão, sem com isso ser antiético ou invadir a área de outros profissionais, fato que observamos frequentemente acontecer conosco.



Um dos problemas a ser enfrentado é quanto ao órgão regulamentador da profissão, o CREA, que muitas vezes por favoritismo ou pela amplitude da lei, desconhecimento ou indefinição desta, barra alguns trabalhos realizados pelos Geógrafos o que resulta num grande cansaço, em ter que comprovar a competência de realizar determinado trabalho primeiro com a lei e depois com a grade curricular com a disciplina que subsidia a execução do trabalho. Entraves como esse levam a afirmativa de “O caráter corporativo que vigora no sistema” CONFEA/CREA” pode apresentar dificuldades para atuação do Geógrafo. Existe uma tradição em questionar as habilidades e competências de um profissional no sistema. Ela se baseia na formação de cada escola (Ribeiro, 1999, p. 118).

Para evitar problemas como esse é necessário conhecer muito bem a nossa Lei 6.664/1979, aqui não me aterei a Lei 7.399/1985 que altera o artigo 2° da lei supracitada ao qual abre precedentes para que profissionais de outras áreas com mestrado e doutorado em geografia possam assinar como geógrafos. Um verdadeiro retrocesso legislativo tendo em vista que não vemos por ai Geógrafos com mestrado e doutorado em engenharia assinando como engenheiro. Contudo, está em tramitação no Senado Federal a PL 117/2004 (identificada como PL 6804/2006 no portal da Câmara dos Deputados) que visa revogar esta lei arbitrária.

Por fim, tentando evitar que os profissionais adentrem uns nas áreas dos outros para que não haja prejuízo e sobreposição de competências o CREA normatizou a Resolução 1.048/2013. Essa se caracteriza como um compêndio, ou melhor, um recorte das legislações individuais de cada classe profissional, não obstante, essa ação não representa nenhum avanço, pelo contrário, caracteriza até uma tentativa de apagar o fogo com pequenas borrifadas de água o que de fato não resolve o problema nem a curto e que dirá a longo prazo, assim é impossível que tal ato surta o impacto necessário para aplacar o problema.

Finalmente, ser Geógrafo não é gostar do que se faz, é fazer aquilo que se ama. Talvez precisemos de um pouco mais de orgulho próprio, é isso mesmo! Bater no peito e dizer que é Geógrafo. E nos envolvermos cada vez mais e nos expressarmos com maior clareza. Devemos opinar mais, sermos mais ativos em debates públicos de temas polêmicos, ser mais atuante dentro da plenária do CREA ocupando e reivindicando nosso lugar de direito dentro do conselho, para que possamos ser melhor representados e especialmente se sentir representados, devemos expandir um pouco mais os diálogos e discussões, não somente nos bancos das universidades, mas também para toda a sociedade.

Entre o ser e o não ser Geógrafo está à escolha, pois essa cabe a cada um e não haverá outro que a faça por você. Parafraseando a filosofa Dulce Magalhães "acordar é uma condição que atingimos ao abrirmos os olhos, porém despertar é fruto de uma escolha consciente, racional e, sobretudo de uma escolha".

As respostas às questões aqui levantadas estão em conhecermos mais e profundamente a lei que regulamente nossa profissão, haja vista que essa também é bastante ampla ou genérica se assim o preferir.

Na tentativa de finalizar não finalizando nas palavras do professor (Sauer, 1956) “O geógrafo já nasce em parte geógrafo, em parte é amoldado desde cedo por seu ambiente, chegando bem mais tarde aos nossos cuidados profissionais”. É tão difícil descrever um geógrafo como definir a geografia [...]


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O texto é de 2014, com algumas atualizações, mas a grande maioria (99%) escrito pelo colega Cleiber que é Graduado em Geografia - licenciado - pela Universidade Estadual de Goiás - UEG, Bacharel pelo Centro Universitário de Brasília - UNICEUB, especialização em Planejamento e Gerenciamento de Recursos Hídricos pela Universidade Federal de Goiás - UFG e possui especialização em Análise e Gestão Ambiental pela Faculdade Araguaia.

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